zondag 2 september 2012

Coisas bobas que a gente se lembra de vez em quando

Tomei uns vinhos, confesso hoje bebi demais. Não sei porque eu bebo assim desse jeito, acho que isso está gravado prá sempre no genoma da gente, meu pai o velho marocão também era um baita de um bebum. Resolvi ascender lá fora no jardim uma fogueira, usando os galhos que havia cortado de uma árvore imensa que estava fazendo sombra demais. Sombra é uma coisa legal quando se tem bastante sol, mas aqui na Holanda o velho sol só aparece de vez em quando e qualquer raiozinho vale o quanto brilha, por assim dizer. Quem nunca sentiu isso não sabe do que estou falando mas quando a gente sabe que o sol vai raiar o dia inteiro, ou depois de alguns dias de chuva ou de inverno ele vai aparecer novamente queimando forte; aqui na Holanda é diferente, quando o sol aparece a gente tem que aproveitar ao máximo cada minuto do dia, pois depois ele desaparece e as nuvens vem cobrir este planeta. Como alguém já disse uma vez "o teto é bem baixo" neste país, ou seja, as nuvens são bem fortes e carregadas, cobrindo os céus deste país pequenino, todavia tão intrinsecamente complicado. Aprendi a falar o holandês, o que já é uma conquista imensa em si mesma. Dou os meu foras volta e meia, outro dia alguém me perguntou as horas e eu mandei o sujeito virar a esquina e seguir em frente até encontrar um posto de gasolina! O holandês é um idioma complicadíssimo, porém vou aprendendo com os meus filhos que me corrigem diariamente nas minhas gafes. Sou gafioso, sempre fui, acho que sempre o serei, me lembro de uma vez quase quarenta anos atrás quando fui visitar o compadre "peitudo". Compadre peitudo era uma amigo do velho Maroca meu pai. Um italianão enorme de quase dois metros de altura, todo musculoso e brabo que nem ele só. De brincadeira minha mãe apelidou a fiel esposa do peitudo de "comadre peituda", e era compadre peitudo prá lá, comadre peituda prá ca, eu no meio levando a minha vidinha de moleque pobre de interior. Um dia fomos visitar o compadre peitudo. Fomos de ônibus circular pois meu pai acho que com as bebedeiras dele jão não dirigia mais autómóvel. Quase quarenta anos já se passaram e ainda me lembro da jaqueira. Umas jaconas enormes quase que pré-históricas penduradas perigosamente nos galhos fininhos e retorcidos queimando ao sol quente da Alta Sorocabana. O compadre peitudo apareceu sem camisa, com quase seus dois metros de altura e o peito todo peludo e cheio de músculos, parecia um desses alterofilistas que a gente encontra por aí. Pensando bem aquilo não era normal, aquele compadre devia tomar anabolisantes prá ficar forte daquele jeito. Isso porque eu faço meus exercícios diariamente mas a minha patola não cresce nem um centímetro com todo esforço que faço, pelo contrário volta e meia me dói algum estiramento muscular. Mas o peitudo era um italianão muito forte e pelo jeito fodidão de matar, senti que o velho Maroca tinha respeito por ele. Fiquei esperando a comadre, que devia ter uns peitões enormes, muito maiores ainda, lembrando das conversas de minha mãe. Foi quando vindo das sombras uma senhora magricela apareceu com uma galinha de ponta-cabeça debaixo do braço. Se não tivesse sido a nossa inesperada visita aquela penosa já teria caído em alguma panela. Quando nos viu soltou a coitada da galinha no terreiro, que fugiu como louca cacarejando ao encontro da segurança das asas de algum galo. A velha era feia, de óculos fundo de garrafa, cabelo meio vermelho sei lá eu se era tingido ou não. Mas era uma tábua e não tinha peito algum. Confesso, fiquei muito decepcionado, dessas decepcões que a gente tem na infância da gente nesta vida. Na minha imaginação esperava a comadre peituda assim como uma Sophia Loren, um tipo de musa, uma fonte de inspiração para as minhas punhetas. Quan ela apareceu não me contive e gritei bem alto, até o compadre se assustou um pouco; "Mãe, mas comadre peituda não tem peito nenhum, pô!!"

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