dinsdag 5 april 2011
Língua enferrujada, sonhos e saudades
A dona Tereza, minha saudosa mãe, que Deus a tenha, vivia me dizendo que eu sempre tive as respostas na ponta da língua. Era verdade, a minha língua era afiada e cortava como uma navalha. A velha, coitada, queria que eu virasse padre ou entrasse na política. Eu gosto de rezar meus pai-nossos de vez em quando prá ela, mas nunca gostei de padres, igreja, político então nem se fala. Pensando bem, devo ter decepcionado a minha querida mãe e muitas outras pessoas em milhares de coisas. O tempo passou e nunca namorei nem me casei com uma japonesa, pois era um dos sonhos preferidos dela, sei lá, queria porque queria ter netos mestiços, achava bonito e pronto. Meus filhos são mestiços porém holandeses, não é igual mas até que são bonitinhos, só que falam uma língua que infelizmente ninguém da família entende. Fazer o que? Minha mãe foi embora prá sempre, ficou apenas mais um pedaçinho vazio gravado em mim, a saudade sem fim queimando dentro do peito, esta minha língua meio enferrujada ultimamente, e a vida que passa como um raio roendo os sonhos da gente.
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Esta saudade dói mesmo, Joe. A minha que se foi com apenas 51 anos deixou um vácuo nunca mais preenchido. Mas no caso da sua, provavelmente ela está orgulhosa pelo menos em duas coisas: você não se tornou padre, pastor ou político meia boca. No entanto se continuar a usar o seu talento para a literatura, tenho certeza que lá de cima ela lhe manda um sorriso. Abração. paz e bem.
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