zondag 9 juni 2013

Lembrando de Londrina

A minha saudosa Londrina fez uma grande parte de minha história, da infância à juventude eu andei por tudo que era canto daquela cidade linda, sempre aprontando das minhas. Nunca vou me esquecer daquela primeira vez em que fui num velho ônibus daqueles monoblocos da Biriqüi de Pres. Prudente à Londrina; duas horas e meia de viagem, passando pelo Entroncamento de Rancharia, Usina de Capivara, muito canavial, muito café naquela época, Porecatu, Florestópolis, depois até Rolândia, Cambé, passando em frente do Parque Ney Braga, da Cacique, aquele cheiro gostoso de café queimado que ficou gravando prá sempre no fundo da minha memória. Eu gostava de sentar na janela e seguia contente observando bem as coisas, automóveis, pessoas e paisagem. Quando ele virava ali na avenida JK (se não me engano se chamava Rua Antonina naquela época), depois engantando uma segunda subia a Sergipe com o motor roncando prá burro e fazendo um barulhão quando o motorista trocava de marchas. Passava em frente ao Posto do Picolino e descia até na rodoviária velha, que naquele tempo era a nova! A velha-velha eu nunca cheguei a conhecer, não era do meu tempo. Ali prá mim tudo era novo, colorido, e tocava na tv aquela musiquinha legal "no nosso tempo tudo é novo e coloriiiido, não tem lugar para essa gente que já era, morcego velho, bang-bang de mentira..." Ah, como eu gostava de assistir desenhos, Túnel do Tempo, Viagem ao fundo do Mar, Perdidos no Espaço, a Pantera cor-de-rosa era horário sagrado qual missa lá em casa, tinha que ficar em silêncio absoluto senão o Maurício "cabeção" meu querido e falecido irmão ameaçava a dar porradas na gente, ou seja em mim, pois era o caçula. Tempo bom. Os verdes de Londrina parece que eram prá mim bem mais verdes, mais escuros que do interior de São Paulo, as cores mais intensas, o cheiro daquela argila roxa depois de uma chuvinha de verão não tem igual neste mundo. A liberdade que me dava aqueles meus passeios no Calçadão, que era uma calçadinha de nada ali em frente à Bolivar, depois descia até o Ouro-Verde. Gostava de matar o tempo sem fazer nada encostado em algum carro ali em frente às lojas Americanas, do lado daqueles quiosques, observando os engraxates fazendo o serviço deles e as meninas bonitas que desfilavam rebolando só para serem vistas. Meu primeiro beijo de verdade foi ali embaixo de uma daquelas àrvores leguminosas enormes com flores amarelas que tinha ali na práça. A menina era uma gordinha meio dentuça que parecia a Mônica dos Gibis. E se chamava Creuzinha, e gostava de beijar a gente que nem ela só. Não beijava só eu não, beijava a molecada toda, quem tivesse coragem. A Banda Municipal tocava um dobrado chamado "Sargento Fidélis", que o maestro, saudoso seu Arlindo, que por acaso era meu tio anunciava cheio de orgulho àquele público meio escasso. Um instrumento me chamou mais atenção do que todos os outros, era um "Bombardino", tipo de uma tuba daquelas enormes, mas menorzinho com um som mais agudo, e um velhinho de óculos soprava no bocal cheio de fúria uma espécie de contracanto, com os clarinetes, trompetes e saxofones fazendo a melodia. O maestro sorria prá gente cheio de orgulho e ao mesmo tempo marcava o compasso. Eu infelizmente nunca perguntei prá ele, e a vida toda fiquei cá comigo imaginando quem seria aquele tal de Fidélis e até hoje não sei.

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