donderdag 6 juni 2013
Uma pequena viagem ao passado
Ontem morreu a dona Nice, que o bom Deus a tenha! Eu sabia que ela estava bem velhinha mas não que estava doente assim. Nas férias no Brasil fiz o possível prá visitá-la, e atravessei dois estados só prá lhe dar um abraço, valeu a pena, e até andei tirando umas fotos dela junto do mesmo velho fuscão 72 do tio e coloquei no meu facebook. Nessa viagem visitei também muito cemitério, tentando mostrar para aos filhos as minhas raízes e deles também.
Como diz o Mirtão, esses velhos são a bola da vez. Todavia, a nossa mesa está ficando cada vez mais vazia e as bolas vão se encaçapando uma atrás da outra. Infelizmente as figurinhas "carimbadas" da minha existência neste mundo estão sumindo prá sempre de circulação, ficando cada dia mais difícil. De um lado da família de tio sobrou só o "Nerso", coitado, dizem que tem problema de rim e tem que fazer diálise quase todo dia, mas grande pessoa, sujeito muito engraçado, o melhor contador de "causos" que já encontrei nesta vida. As estórias dele eram não só engraçadas, muitas delas creio eu até verídicas, porém tudo tinha um alto teor de improvisação, ele ia contando e mudando os nomes e as coisas de acordo com a cara do ouvinte.
Eu era fã de cadeirinha dele. Quando ele aparecia lá em Londrina de férias vindo de Santa Catarina, a gente grudava nele. De ouvido em pé só esperando o bicho soltar o verbo. Eu até enforcava algumas aulas no ginásio, depois na faculdade prá ter umas aulas com o velho Nerso. Se tivesse um gravador naquela época teria gravado tudo aquilo e depois iria escrever um livro, infelizmente me esqueci de muita coisa de muito detalhe. E quando ele tomava umas no Natal e resolvia dançar. Uma vez apareceu na sala com o vestido da minha vó e lenço na cabeça, com uma vassoura de piaçava debaixo do braço. Aquilo era puro teatro, "happening", picadeiro e ele o melhor palhaço que já assisti. Minha mãe dizia que o bicho gostava de circo desde pequeno e quando algum circo passava lá pelas bandas de Bernardes onde eles moravam o Nerso sumia. Minha avó, coitada, tinha sair procurando pela próxima cidade pois o menino devia ter se escondido em algum caminhão e fugido com o pessoal do circo.
Gostava de abastecer no posto do "Picolino", que também era um palhaço lá em Londrina. O posto dele ficava ali na subida da Sergipe, depois da Belo Horizonte quase chegando na Avenida Higienópolis. Eu adorava descer a Higienópolis à pé e ir curtindo os ipês-roxos e manacás da serra. Nessa época fazia ginásio lá embaixo no Vicentão, subia aquela avenida debaixo de sol e chuva com um enorme prazer na alma de moleque. Prá falar a verdade ficava esperando uma tal de Andréia que era uma morena esbelta e linda sair da casa dela com as apostilas roçando-lhes os peitinhos e ia o caminho todo vislumbrando aquelas nádegas maravilhosas e os ipês, também maravilhosos. Pensando bem, tudo era maravilhoso naquela época, até mesmo as aulas de matemática que o professor Oswaldo, um baixinho meio cabeçudo, mas bom de cálculos e der dar aula que nem ele só. Pena que já me esqueci de quase tudo, menos das frações, não sei porque gosto de frações e raízes, as quadradas mas principalmente as de família. Por isso que dedico aqui essas pequena viagem deste meu passado que parece tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe, à minha querida tia Nice, que encontre a paz do outro lado deste túnel, se bem que se o velho Marocão meu pai também tiver dando das dele por lá, assim como o resto do pessoal reunido, vai ter é muita festa.
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