woensdag 19 november 2014
Ausências e beijos
A minha esposa um belo dia resolveu recortar todas as minhas fotos antigas da perdida juventude de outrora, onde o velho Migué, naquele tempo ainda jovem, fogoso e cheio de orgulho, fazia alguma daquelas poses assim meio sem jeito lado de alguma namorada com um pouco mais jeito que ele. Hoje fui arrumar minhas gavetas e num assombro vislumbrei aquelas relíquias infelizmente prematuramente decaptadas com uma tesoura meio cega daquele lindo dia para todo o sempre. Lembro dela, minha esposa, sentada na varanda do Mirtão num domingo ensolarado, minha filha pequenininha do lado, com a respectiva tesourinha dela nas mãozinhas, ambas curtindo excitadas da sua própria maneira. Eu tomava uma gelada e estava tão exausto das enxadadas que tinha dado lá na terra roxa daquela chácara, quem nem me importei, ainda falei corta sim, pode cortar pois isso tudo é passado, águas que não movem mais moinhos. Todavia, me deu um friozinho na barriga quando ela decaptou a Giselinha, com uma tesourada bem no meio do pescoco, ficou no chão recém enceirado da varanda aquele vestidinho estampado dela, um pedaco dos ombros à mostra, e resquícios daqueles lábios de mel, retocados com baton sabor de morango que um dia beijara com tanto fervor. A Mônica foi pro lixo com roupa e tudo, a Jaqueline sumiu prá sempre de uma vez, aquela moreninha escriturária do Banespa, coitada tão linda, saiu definitivamente de minha vida numa recortada só. O Mirtão se levantou prá ir até o freezer buscar mais cerveja ou dar uma mijada, a tarde foi se ausentando de leve em Londrina, com os Bem-te-vis lá no alto dos postes em seus ninhos improvisados, entre o concreto e os fios de eletricidade, anunciamdo que iria chover. A minha juventude também foi se ausentando aos poucos de mim, ficaram os abracos quase esquecidos, mãos dadas com um buraco vazio, beijos na pura ausência...
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