woensdag 30 mei 2012

Falta do que fazer

Quem me conhece sabe que sou um cara bem pacato, nunca gostei muito de farras, de agitos pela madrugada adentro, festas, aniversários meus e dos outros, enfim,  acho que no fundo sempre fui um sujeito assim meio acanhado, gosto de ficar "na minha", como a gente dizia então, o pessoal logo cedo me apelidou , e com muita razão, de " o velho. Porque parece que eu era lá cheio de manias, ranzinza, muquirana, prá falar a verdade até um tanto chato, nunca gostei de dividir o meu jornalzinho de domingo com ninguém, lá em casa eles desrespeitavam, trocavam a ordem das páginas, amassavam, o Marcião tinha a mania de levar prá ler no banheiro. Até hoje gosto de ler as notícias sossegado e em branco e preto, prá mim nada mais gostoso que as páginas recém impressas de qualquer jornal de domingo. Também  gosto de assitir meu futebol sozinho, com o sofazão e o controle remoto só prá mim. Sei que isso não crime algum e que nem todos os idosos deste mundo também sejam assim, porém conheço alguns parecidos.
Neste fim de semana nem tive tempo de dar as minhas folheadas taciturnas, pois resolvi entrar num torneio de tênis aqui do vilarejo onde moro, no nordeste da Holanda. Foram cinco dias maravilhosos de sol e temperatura de quase trintas graus e muito esporte. Não que eu seja um desportista de primeira, nem de segunda, terceira, mas participar de algum evento esportivo de vez em quando é algo que me dá imenso prazer. Eu me escrevi em duas categorias, H7, 35+ e HD7, 35+, ou seja classe 7 acima de trinta e cinco, e duplas com o avô de uma amiga do meu filho. O resultado não vem ao caso, mas cheguei nas semi-finais, onde infelizmente fui merecidamente derrotado, todavia fomos campeões das duplas. Fiquei lá de butuca até as as dez da noite esperando a última partida terminar prá receber o meu troféu ou medalha, mas me vieram com um checão de 30 euros! em forma de vale prá comprar numa loja de esportes aqui do bairro. Meus filhos também disputaram o tal torneio mas não chegaram nas finais. Ficaram além de orgulhosos do pai, de olho foi no meu cheque, coitados de longe quando viram os números erram nos zeros e pensaram que era 300, ou 3000. Não sou nenhum Nadal, mas bem que desta vez eu merecia. No ardor das disputas escorreguei no saibro seco da quadra e abri o pulso esquerdo. Sou canhoto, enfaixei e fui à luta. A esperança é a única que morre. Depois quebrei as unhas da mão direita. Passei meses cuidando das ditas pois nesta sexta-feira vou tocar violão num restaurante chique aqui pertinho. Como se não bastasse isso os sapatos Nike novinhos que me custaram uma fortuna me apertaram na ponta e fiquei com as unhas do dedão de ambos pés arroxeadas que nem nectarinas vermelhas cheias de sangue qualhado por debaixo e uma dor dos diabos.
Hoje estou de molho, havainas no pé, joelhos doloridos, o pulso enfaixado. De onde será que vem esta mania de querer competir esportivamente com os nossos semelhantes? Penso que esporte apareceu neste mundo por simples falta do que ter o que fazer, pois somos na maioria homosapiens internéticos, quase ninguém neste mundo moderno precisa mais sair prá caçar, nem correr, nem colher, nem plantar, eu queria ver o se Federer ou o Nadal com uma enxada na mão depois de capinarem o dia inteirinho debaixo de sol quente queimando os lombos fossem ter vontade de jogar pelo menos um só game em Roland Garros.







Geen opmerkingen:

Een reactie posten