woensdag 13 juni 2012

Orações meio esquecidas

Ainda tem tanta coisa que eu queria saber mas não sei, todavia tanta coisa que não quero de jeito nenhum saber e tenho até um pouco de raiva de quem sabe. Isso sem falar das que gostaria muito, mas muito mesmo de me lembrar perfeitamente e das outras esquecer de uma vez por todas. Acho que isso talvez seja até normal, todo mundo deve ter lá suas neuras bobas. Somos todos uns neuróticos neste mundo cada vez mais neurótico em que vivemos. De vez em quando a água ameaça a bater na bunda aí peço à Deus por proteção e ajuda a mim, família, conhecidos e desconhecidos. Rezar é bom, limpa a alma da gente. Infelizmente, depois destes anos todos longe do Brasil só me lembro do nosso velho pai-nosso e ave-maria, que deveriam ser mais do que suficiente prá mim. Mas me pego papagaiando assim meio mecanicamente, como se rezasse em latin, as palavras voam tão rápido dentro do meu pensamento em disparada que chegam até a perder um pouco o verdadeiro sentido. Ainda não tenho plena certeza mas acredito que Ele me ouve. Não fiz primeira comunhão, nunca confessei nem comunguei, mas confesso quase que diariamente minhas bobagens dentro de mim mesmo. Quando era pequeno gostava do Francisco de Assis, daquela dele "ó mestre, fazei de mim...". Acho que foi o Chico Buarque que andou cantando, mas eu li pela primeira vez quando tinha lá uns oito anos, estava escrita num desses santinhos em preto e branco, lembrança do falecimento do meu querido irmão Maurícião, que morreu aos 17 anos afogado numa represa no interior paulista. Levou um tempão prá achar o corpo dele, parece que os bombeiros já estavam quase desistindo; começou a escurecer e alguém falou prá acender uma vela num píres deixá-la boiar nas águas escuras da represa, onde finalmente fosse parar o corpo estaria naquele lugar. Não sei se foi assim que o encontraram mas gosto de acreditar. A última imagem dele foi dentro do caixão com dois algodãozinhos no nariz e minha mãe totalmente desconsolada e apática sentada do lado. Minha irmã mais velha estava na cozinha improvisando o arroz e feijão. Eu moleque devia estar com muita fome pois estava em volta dela. De repente caiu uma mosca preta bem grande dentro da panela e não me contive e no meu entusiasmo infantil gritei bem alto, "Mosquito, Mãe, caiu um mosquito dentro da panela, Telma, tira o coitado, pô!" Sempre que eu lembro dele, do Mauricião (não do mosquito), ou do São Francisco, vai me dando um nó no peito e uma vontade enorme de chorar e de fazer de mim um instrumento de Sua paz e glória, levar a luz, a alegria, a esperança, perdoar mais que ser perdoado, compreender mais que ser compreendido, amar mais do que ser amado. Pois hoje eu sei que é dando que recebemos, e fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem flores. Depois infelizmente, na correira louca das neuroses desta vida acabo me esquecendo um pouco, lanço um olhar cobiçoso nos peitos da mulher de algum próximo, ontem buzinei no trânsito, dou chutão pro mato nos meus jogos de campenato, até xinguei o juiz quando ele não deu aquele penalty no último jogo da Holanda contra a Dinamarca.

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