maandag 11 juni 2012

Sem Itinerário

As melhores coisas já escritas por mim nesta vida começaram assim meio sem começo e terminaram quase sem fim, ou com um final diferente do que deveriam. Escrever prá mim é como viajar sem itinerário certo, tomando os atalhos que na realidade da vida infelizmente acho que jamais tomaria. Que nem aquela vez com a Brasília velha do Marcião cheia até a boca de tranqueiras de Londrina à Presidente Prudente. Os dois filhos pequenos no banco traseiro, um bebê no colo, aquele sol de lascar mamonas, como a gente dizia lá no interior da Alta Sorocabana. Não sei porque cargas d`água ele resolveu seguir os conselhos do saudoso "Sujeira", um tio meu viajante de remédios que era louco prá dar conselhos de rotas mais rápidas e "econômicas" prá gente. "Vai prá Prudente, por onde você vai? "Não, vai por Taciba, é muito mais curto, melhor, economiza uns 50 km, é facinho ó, só atravessar a ponte, seguir um pouco em frente até dar de cara com um canavial queimado, aí pegar "às esquerda"  que vai dar quase lá em Prudente". Eu fiquei meio cabreiro, pois na última vez que alguém seguiu os conselhos do Sujeira passou foi vexame, pois outra mania dele era "matar" os velhos conhecidos. "Pois é e o fulano de tal? Ahh, morreu do coração 3 anos atrás!; Morreu, é, coitado,  e o Ciclano filho da dona Júlia que morava na rua debaixo? Ah, câncer de pulmão!; poxa que tristeza. O Beltrado carroceiro que jogava de meia-direita naquele time lá da Warta? Vixe, cê não sabia, foi atropelado com carroça e tudo por um ônibus do Lopes lá naquela curva perigosa em frente a UEL. Era só buscar na mémoria algum conhecido do passado que parece que se o coitado não tivesse morto o Sujeira o matava ali na horinha mesmo. Um outro tio meu que morava em Florianópolis passeando ali pelo calçadão em frente à Bolivar encontrou o filho do Beltrano. Não se conteve tamanha emoção, correu e deu um  forte abraço no rapaz, que deve ter se assustado e quase caiu no chão com o susto, derrubando os pacotes de embrulhos de Natal. Com uma voz austera e ceremoniosa de locutor de rádio aposentado "minhas sinceras condolências! E dá-lhe abraço. "O seu pai foi uma grande pessoa, um grande amigo, uma grande alma, que o bom Deus o tenha". O rapaz, um gordinho careca ajeitou a calça que lhe caía pela bunda abaixo, e ainda um pouco estupefato com aquela notícia insólita soltou um sorriso meio amarelado e disse. "Não, senhor, isso deve ser algum engano, o pai está vivinho em folha e forte com um touro, olha ele ali ó, de camisa listrada do lado daquele camelô de chapéu, foi só comprar um bilhete da loteria e já volta!.

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