woensdag 29 augustus 2012

Desconhecidos

Versos tortos, perdidos em alguma gaveta da vida, poetas mortos, poesia porém jamais esquecida, tanta gente anda por aí, a rimar o já quase inrimável...

dinsdag 21 augustus 2012

Dúvidas

Apaga essas rimas tolas que escreves assim sem pensar! Não apago nadinha, a liberdade é meu vento, meu céu, meu mar! Poeta de verdade não foste,nem serias, sequer jamais! De mim não me escondo, nem curvo este ombro, meu pouco eu aumento, em versos me invento!!

Apenas rimas

Mais uma rima, passou prá me dizer o amor combina, cafona, demodé nos olhos de quem vê, sou eu, nós dois, você, o mundo agora, nossa! como eu ando meio outrora, quero hoje e amanhã bem coloridos, de sol e chuva, arco-íris, lilás e verde, azul-marinho, meu preferido, lindas melodias assovidando bem dentro do meu ouvido, ainda quero ser rimas tolas sem sentido, que passam rápidas pela gente, tal qual a vida assim de repente, abraçando o aqui, o longe ausente, nem faz sentido, mas me faz contente...

maandag 20 augustus 2012

Bonjour

Que pena, as férias terminaram. Pela primeira vez na vida dei uma de turista com prazer, até o chapeuzinho azul que um dia comprei lá nas lojas tubarão do Mirtão entrou na dança. Passei quase três semanas com ele na cabeça sem lavar. Banho só na beira dos rios, La Moseille em Champagne, quase acampei em Samois sur Seine, vilarejo onde o maior guitarrista deste mundo morou e infelizmente faleceu, Django Reinhart que Deus o tenha. Adorei o Dordogne, que rio maravilhoso. A França é um país lindo demais, acho que me faz lembrar do Brasil, da minha Alta Sorocabana, do meu Norte do Paraná, só que menos favelas e mais castelos. Se bem que vi gente pobre pedindo esmola nas ruas de Fontainebleu. A pobreza sempre foi uma coisa que me deixava triste, não sei porque até hoje quando vejo algum pedidor de esmola me bate uma coisa, um nó no coração. Talvez tenha sido por isso que um dia deixei com o meu coração todo emaranhado de máguas o meu país prá trás. Confesso que às vezes me sinto assim meio traidor da pátria amada, pois na minha juventude emigrei prá Europa e nunca mais voltei. Duas vezes tentei voltar, quem leu as histórias absurdas lá da chácara sabe bem o quanto tentei. Mas infelizmente ou felizmente nesse meio tempo virei holandês e é engraçado as mesmas lágrimas me rolam na face quando ouço e canto altaneiro o Ouviram do Ipiranga quanto o Wilhelmus van Nassauwe. Um dia desses vou falar da Holanda, do meu amor a este minúsculo país. Mas a velha França está devagarinho tentando me seduzir. Comprei um dicionário holandês-francês e saí pelos campings soltando o meu bonjour prá quem aparecesse pela frente. Passava o dia debaixo das árvores olhando o horizonte se perder de vista e tocando bem baixinho o meu violãozinho. Quando dava uma vontade de dar uma mijada levantava da cadeira de praia e saía rumo ao banheiro coletivo dando bonjour prá quem encontrasse pela frente. Os outros holandeses bobos que também apareciam por lá acho que pensavam que eu era francês de verdade e caprichavam ao máximo no bonjourzinho mixuruca deles, mas o meu eu aprendi assim meio de ouvido e a entonação correta é de uma musicalidade impressionante, eta idioma lindo, um simples bonjour soa aos meus ouvidos como uma canção de amor. Bom dia também é legal de dizer, em holandês goede morgen, mas não são a mesma coisa nem de longe. Acontece que voltei apaixonado pela França. Tem uma amigo meu o Renezão que largou tudo e foi morar em Limoges. Largou tudo numas, ele não tinha nada. A última vez que vi o bicho ele estava doidão carregando uma banheira que tinha encontrado em algum lixo em alguma calçada na cabeça. O lixo daqui da Holanda é absurdo de rico. Os lixeiros do Brasil acho que iriam fazer a maior festa, deitar e rolar, tem computador quase novo, telefone celular, bicicletas ainda boas de usar, no caso do Renezão uma boa banheira. Parei o carro, desci e fui ajudá-lo a levar a tal banheira pro apartamento dele no terceiro andar. Não tinha elevador e aquela porra daquela banheira era grande e pesada demais. Paramos no primeiro andar prá descansar, ambos vermelhos e ofegantes. Renezão acendeu um cigarro, que pelo cheiro devia ser maconha das braba, ô velho maconheiro do cacete. Com as pupilas quase pulando prá fora e um sorrisão gostoso virou prá mim e me ofereceu aquela bituca toda babada. Disse que não e agradeci o gesto todavia. A última vez que dei uma bola foi nos tempos de universidade e parece que foi em outra vida de algum universo paralelo a este. Quando chegamos a terceiro andar os braços doiam, as pernas latejavam, a velha banheira quase que não passava pela porta. Deu trabalho, quebrou uma ponta e um bom pedaço da torneira mas enfiamos a bicha bem no meio do corredor. A minha tarefa estava cumprida e ele que se virasse dali prá frente prá ajeitar aquela coisa no banherico dele. Na sala escurecida tinha uma senhora de uns 65 anos com uns pincéis e muita tinta espalhada pelo chão. Nas paredes dezenas de quadros mal pendurados secando que pareciam ter recém-saídos de alguma creche. -Giuliette! Ela é francesa! Me apresentou Renezão todo cheio de orgulho. A velha me deu um sorriso e deu a pincelada derradeira nuns girassóis que mais pareciam umas couves de Bruxelas amareladas. Veio pro lado dele e falou quase cantando em inglês: "Do you like, René?" Ele resmungou que sim mas tinha muita pressa, pegou o pincel e assinou a obra-prima dela com a mão esquerda bem tremida; René Boulangé. Quando cheguei mais perto prá ler a assinatura Giuliette estava quase terminando de pintar uma outra couve parecidíssima com a primeira, e a segunda, terceira, etc. Renezão meio sem jeito me explicou que iria fazer uma exposição numa galeria bem chique naquela tarde mas ele só tinha dois quadros dele e Giuliette estava dando uma mãozinha.