vrijdag 19 september 2014

Patinadas Inesqueciveis

Parece que estou ficando pior que o Toniquinho, meu querido falecido tio Tonico, louco pra embaralhar as coisas e trocar as bolas que nem ele so. Pois cada vez que dou uma patinada, como dizia o Mirtao, eu me pego lembrando das deles. Como nao tenho com quem conversar em portugues por aqui, passo a vida conversando comigo mesmo. Agora a pouco fui sentar no meu cantinho preferido do sofa e um dos moleques deixou uma manchona gigante de espaguete ou outro molho qualquer. lembro que minha mae jogava sal pra tirar manchas, tambem joguei, passei um pano com sabao e vi a coisa piorando, a mancha vermelha se expandindo e misturando com as fibras verdes da esponja de cozinha. Soltei um ditado toniquinhesco: "ficou pior a emenda que o peixe!?" Acho que agora que estou ficando velho vou ter que rir de minhas proprias patinadas, todavia as dele ate hoje me dao uma baita saudade daqueles bons tempos em Londrina. Uma vez paramos ali naquela padaria da Avenida Tiradentes do lado do Marista, estacionou a velha Vemaguete vermelha de capota desbotada e cochinil meio amarelo querendo ir pro rosa. Chovia um pouco, e de sombrinha respingando e molhando todo o chao entramos na padaria. Pensando bem acho ate que ja escrevi isto em algum outro texo mais antigo, mas nao interessa. O velho pediu dez paenzinhos, duzentos e cinquenta gramas de presunto e duzentos e cinquenta gramas de mossarela. A mocinha polidamente informou que o presunto infelizmente acabara. Toniquinho sorriu, "Ah nao tem presunto, que pena, entao me da duzntos e cinquenta gramas de mossarela e duzentos e cinquenta de presunto". Eu estava ali do lado, talvez esperando a mocinha se abaixar pra enxergar melhor os peitos dela. Porem fiquei quieto, ela mais uma vez explicou com voz mais alta, pois achava que o velho nao a escutara direito, "o presunto acabara, senhor, so tinha mossarela ou mortadela". Se desculpando o velhinho bateu a mao no bonezinho xadrez que a Telma, minha irma mais velha tinha trazido pra ele dos EUA, "A que cabeca a minha, nao tem presunto nao, entao me da dez paenzinhos, duzentos e cinquenta gramas de mossarela e duzentos e cinquenta gramas de presunto!" Ate o dono da padaria chegou mais perto pra acudir, entretanto ninguem se conteve, nem a mocinha e nem eu mesmo, caimos na gargalhada em unissono, Toniquinho naquela tarde que nao volta nunca mais riu gostoso de suas proprias patinadas inesqueciveis!

donderdag 4 september 2014

Os Livros do Ze

E o tempo vai passando...Como passatempo estou tentando ler um livro chamado Brazilie, escrito por um tal de Ubaldo. Eu contei as paginas, sao 714 e tudo em holandes. O Ubaldo ate que escreve bem, sao paginas sem fim passando, todavia confesso que perco um pouco o fio da meada aqui e ali. Mas nao e culpa do Ubaldo apenas minha, eu e meu holandes que por sinal e muito pior que meu portugues, como se isso fosse possivel... A coisa complicou quando ele falou do Reconcavo dele, acredito que seja o baiano, mas ainda nao tenho certeza, confesso aqui que pulei umas paginas, quis ir la no fim mas nao fui... Lembrei com saudades do Ze Galinha, um amigo que eu tinha e que vivia comprando livros complicadissimos. Uma vez fui morar uns tempos na republica dele. O Ze tinha mania de colecionar tenis de marca e namoradas. Os tenis brancos ficavam enfileirados no canto do quarto, debaixo da janela, um monte de vidrinhos de perfume e na prateleira inumeros livros e dicionarios da lingua portuguesa, inglesa, francesa, pensando bem ate holandesa. Na epoca o Humberto Eco era o tal, e era o de cabeceira do bom Jose. As visitas e principalmente as futuras namoradas ficavam impressionadas com erudicao do meu amigo Ze. Um dia estava sem fazer nada e resolvi folhear uns exemplares daquela biblioteca maravilhosa ali aos meus pes. Abri o Cem Anos de Solidao, com uma orelha numa pagina quase no finalzinho. O Ze falou orgulhoso, esse e do cacete! Notei que algumas paginas estavam ainda grudadas umas nas outras, mas fiquei quieto, quando fui folhear um grossao acho que era do Joao Cabral de Mello Neto, notei que estava imaculado, novinho, com paginas tambem virgens, todavia uma orelhona bem no meio. Fiquei meio cabreiro, perguntei ao Ze se lia de verdade aquelas obras literarias maravilhosas, ele quis desconversar, disse que estava com pressa, tinha que sei la ir ao Banco que estava quase fachando. Como nao tinha nada pra fazer fui junto na garupa da moto. No final da tarde, depois de tomar umas geladas ele se abriu pra mim, disse que visitava as livrarias e perguntava as balconistas, qual era o melhor, mais vendido, mais grossao, com capa bonita, comprava logo uns dois ou tres, lia o titulo, prologo e fim, deixava marcado no meio pra dar moral, mas esperto como era sabia o nome dos personagens eum pouco da trama. A gente era amigo de verdade, gostava do Ze, tambem confessei que gostava de escrever mas nao de ler, coisa paradoxal minha, todavia... Ele tambem confessou que o unico de verdade que leu na vida foi o Olhai os Lirios do Campo, eu tambem tinha lido na escola, so que pulei um monte de paginas! A minha vida e assim como os livros do Ze, as vezes so sei o nome dos personagens, outras o comeco, fica faltando o fim, as vezes um fim sem comeco, assim como esta saudades do meu Brasil... Voltei ao Reconcavo do Ubaldo, onde andara o Ze Galinha por esses dias. So lembro o apelido dele, pena que nao da pra procurar no Facebook por apelido. A cachorrinha da vizinha comecou a latir, coitada, esta la sozinha no quintal choramingando. Se chama Angel e segundo a vizinha e ADHD, ou seja muito louca. Orelhei o Ubaldo e sai pro quintal pra consolar a Angel. "Como vai essa menina linda!!! com um tom de voz meio agudo que so uso quando falo com bebes ou cachorrinhos. Ouvi a coitada dar um latido alegre la do outro lado do muro, queria brincar com ela, afagar-lhe as orelhas macias. Ambos empolgados, ela latindo, eu gritei mais alto " como vai essa menina linda?" No mesmo instante a velha gorda vizinha do outro lado saiu com a bicicleta dela pelo portao do fundo. Tem que se espremer toda pra poder passar pela brecha apertada. Por coincidencia ela acabara de voltar de ferias da Dinamarca, onde o filho gay mora com o namorado. Pelo tamanho do sorriso e a piscada de olhos com certeza pensa que a dos meus olhos e ela. Inusitado momento, coisas que parecem que so acontecem comigo. Acho que vou voltar pro Ubaldo, mas so de sacanagem acho que vou pular mais de setecentas em homenagem ao meu amigo Ze e cair sozinho no Brazilie la no finalzinho...