dinsdag 16 december 2014

Mambo Jambo

Uma vez nesta época do natal eu quase ganhei na loteria. Em pé, ali no balcão daquela lotérica na Quintino Bocaiúva em frente àquela pracinha em Londrina, eu fui conferindo os jogos e acertando todos. Quando chegou no décimo segundo meu coracão parece que queria sair pela boca, acertei, o próximo tinha colocado um x na coluna do meio, Palmeiras contra Corinthians Paulista no Paecaembu. Apenas um empate me bastava, mas o coringão tinha que primeira vez ganhar de goleada, acho que foi 4x1!!
Voltei muito puto prá casa e tanta a raiva que nem comentei, amargurei sozinho mais uma decepcão em minha vida. Todavia, bola prá frente...
Aliás, pensando bem, sempre atrás vem gente, a vida esta repleta de "quases", "por poucos", "passou raspando" isso sem falar daquelas infinitas " bolas na trave".
Eu não sei o que mulher sonha, as coisas que passam dentro de suas cabecas, mas penso que todo menino um dia já sonhou em marcar seus gols de placa, fintar os obstáculos pela vida, driblar bonito todos os zagueiros pela frente, ver as redes balancando, assim como todo músico sonha em tocar seus solos e ser aplaudido.
Queremos sucesso, fortuna, alegrias, saúde, amor, aplausos, prosperidade, ninguém faz as coisas pensando em fracassar. Mas o fracasso temporário, as bolas na trave, os "quases" são outro lado da moeda, a cara, quando apostamos tudo no coroa. Um não existe sem o outro, assim como a escuridão não tem sentido algum sem a luz. Luz e escuridão são na verdade a mesma coisa.
Aprendi assim a buscar a luz pelos caminhos da vida, mas as escuridões não me assustam mais tanto quanto me assustavam tempos atrás. Talvez seja bobagem, porém confesso aqui que mesmo cinquentão, barrigudo e careca ainda sonho em marcar uns golacos de bicicleta pelos campos da vida, tocar uns solos maravilhosos no meu saxofone de deixar o mundo todo de boca aberta, mas se desafinar, atravessar o compasso, perder o fio da meada, bater na trave, passar raspando, tudo bem, o que vale é a intencão do momento, assim como deste que escrevo essas poucas linhas meio mambo jambas...



vrijdag 12 december 2014

Meio natalício

Talvez seja por causa do Natal que está chegando, não sei, mas eu já tinha quase me esquecido dele,  o  velho e surrado "gingle bells",  que apareceu de repente e deu de tocar o dia inteiro sem parar nos comerciais de tv. Se tem uma melodia que gruda na cabeca da gente é essa do " gingle bells".
Mas o espírito natalino até que é legal, a gente comeca a pensar nos parentes, na família, nos amigos, dar valor às coisas e pessoas que passaram quase despercebidas o ano inteiro.
Fico meio estonteado, quase pasmo, embora tente participar dessa modernidade toda ao alcance de minhas mãos, dos meus olhos, as fotos da Dilma, do Lula, os vídeos do youtube que todo mundo agora teima em postar no facebook,  pegadinhas,  labcriativo, milhões de bobagens, fatos e fotos  indo e vindo sem parar num turbilhão de idéias quase prontas que vão preenchendo, esvaziando, torcendo, repuxando, temperando e dando  quase em vão, seus sabores e dissabores à nossa sedentària existência cotidiana.
E agora o fim de ano se aproxima, Dio Mio. As postagens eleitorais vão diminuindo paulatinamente e dando lugar àquelas meio religiosas mais tradicionais. O velho barbudo (não o Lula) já pintou no pedaco, de roupa vermelha e sacos nas costas. Aqui na Holanda o Sinterklaas agitou bastante em dezembro e foi-se embora prá Espanha com seu barco.
Depois da euforia o povo fica sempre a ver navios. Porém, esse otimismo de fim de ano levanta um pouco no meu ver,  a energia, o astral deste nosso planeta de astral tão baixo ultimamente.
Não sei porque nessa época fico meio triste, melancólico, não é a falta dos que se foram, pois quando não tinham ido ainda era a mesma coisa, desde menino queria me esconder em algum canto, enquanto todo mundo festejava e soltava seus rojões assustando os pobres cachorros e gatos, e se atolavam de comida pesada, perus, castanhas, champanhe, eu gostava era de jejuar sozinho e pensar.
Confesso que só o cheiro de um bom panetone daqueles que a tia Mariquinha fazia lá em Londrina me traziam logo de volta de meus devaneios meditativos juvenis.
Saudades dela, tomar um cafezinho com pão francês quentinho que o Toniquinho ia buscar à pé lá no Fuganti, são  dessas coisas simples da memória da gente que não tem preco, dinheiro nenhum nesse mundo pode comprar...


woensdag 3 december 2014

Aos pés do Pessoa

Hoje uma mocinha holandesa, via facebook de um amigo, veio me pedir prá dar uma lida num poema do Pessoa e dar o meu parecer na traducão de uma palavra para o idioma holandês. Ela estava estava meio em dúvida, coitada, e isso eu bem que entendo, pois vivo também em dúvida, o Pessoa parece que era uma dúvida bem grande só, basta se dar ao trabalho de ler. Nessas coisas eu sou meio do contra, pois sou da opinião de que certas maravilhas deveriam jamais ser traduzidas. Quem quiser ler o Fernando Pessoa de verdade que vá beber a água da fonte, pô, dormir abracado com ele e com um bom dicionário da língua portuguesa. Todas as tentativas são vãs, infortúneas, é o mesmo que assistir um bom filme inglês ou francês traduzido em laboratório de estúdios da Globo no Brasil em português. Quem não comhece aquelas vozes sempre iguais, monotónas, imensamente chatas, geralmente com um leve sotaque meio carioca, com sons esquisitos lá no fundo, a macaneta de uma porta que gira depois que aporta se abriu, passos no escuro, diálogos bobos tentando imitar o original, as vozes dos galãs que não se sintonizam deveras com suas bocas. Os caras até que tentam, coitados, fazem de tudo, dão o melhor de si, mas sempre achei isso um crime muito grande. É melhor assistir uma boa novelinha de verdade.
Mas fui lá, li a tal poesia da mocinha e do Pessoa. Todavia, se tem alguém com o dom de escrever um universo todo no espaco de algumas entrelinhas foi esse homem, ele desliza pelo ar com seus coloridos, como que surfando nas ondas de um oceano literário somente dele, ignoto, hermetético, místico, quase às nossas mãos, porém  muitas vezes inacessíveis para sempre, pelo menos prá mim. Algumas coisas eu até que entendo, noutras fico boiando legal mesmo, mas gosto de deixá-las desentendidas, misteriosas, às vezes passo décadas sem ler nada dele, mas quando o leio um encantamento inacreditável repleto de magia assim de repente toma conta de mim. Esse homem era um mágico literário do nosso idioma pátrio. São caras como ele, como o Drumond, que me fazem orgulhoso de ter nascido brasileiro e falar quase a mesma língua.
Penso que certos mistérios deveríamos deixar do jeito que são, não por as mãos, apreciá-los apenas em sua plenitude. É a mesma coisa de tentar descrever o pôr do sol. Não existem palavras, por mais lindas que o sejam que lhe chegue sequer aos pés...