dinsdag 23 februari 2016

Achei o meu blog!

Passaram-se anos desde a última vez que estive aqui frente a frente comigo mesmo em mais uma página em branco, achei até que tivesse perdido este meu blog prá sempre. Todavia, os buracos negros das galáxias internéticas são quase tão misteriosos quanto a própria vida.
A minha mudou muito nestes últimos tempos. Na verdade tudo mudou, as paisagens da janela agora são araucarias esverdeadas e edifícios recém nascidos tal qual enormes robôs de concreto e vidro por debaixo das núvens curitibanas.
Elas não perdem em nadinha para as nuvens da minha querida Holanda, tão densas, carregadas, hora quase inertes outras rasgando os céus como violentos tufões de algodão doce. Eu adoro um dia ensolarado, mas nada como uma tarde nublada prá trazer a gente prá perto de si.
Pelas janelas do Mussunguê meus olhos se perdem e só se acham em você...
As montanhas se na distância me turvam lá pela serra do mar.
Serra do amar, o amor da gente é uma cordilheira, assim como o ódio uma armadilha sorrateira,
a ilusão simples distracão passageira.
Vou escalando as encostas de mim mesmo, as sombras de um passado recente, feliz nas asas do presente envolvente, corpo de mulher amada, perfume, sedas, doces veredas, alamedas da capital...

dinsdag 16 december 2014

Mambo Jambo

Uma vez nesta época do natal eu quase ganhei na loteria. Em pé, ali no balcão daquela lotérica na Quintino Bocaiúva em frente àquela pracinha em Londrina, eu fui conferindo os jogos e acertando todos. Quando chegou no décimo segundo meu coracão parece que queria sair pela boca, acertei, o próximo tinha colocado um x na coluna do meio, Palmeiras contra Corinthians Paulista no Paecaembu. Apenas um empate me bastava, mas o coringão tinha que primeira vez ganhar de goleada, acho que foi 4x1!!
Voltei muito puto prá casa e tanta a raiva que nem comentei, amargurei sozinho mais uma decepcão em minha vida. Todavia, bola prá frente...
Aliás, pensando bem, sempre atrás vem gente, a vida esta repleta de "quases", "por poucos", "passou raspando" isso sem falar daquelas infinitas " bolas na trave".
Eu não sei o que mulher sonha, as coisas que passam dentro de suas cabecas, mas penso que todo menino um dia já sonhou em marcar seus gols de placa, fintar os obstáculos pela vida, driblar bonito todos os zagueiros pela frente, ver as redes balancando, assim como todo músico sonha em tocar seus solos e ser aplaudido.
Queremos sucesso, fortuna, alegrias, saúde, amor, aplausos, prosperidade, ninguém faz as coisas pensando em fracassar. Mas o fracasso temporário, as bolas na trave, os "quases" são outro lado da moeda, a cara, quando apostamos tudo no coroa. Um não existe sem o outro, assim como a escuridão não tem sentido algum sem a luz. Luz e escuridão são na verdade a mesma coisa.
Aprendi assim a buscar a luz pelos caminhos da vida, mas as escuridões não me assustam mais tanto quanto me assustavam tempos atrás. Talvez seja bobagem, porém confesso aqui que mesmo cinquentão, barrigudo e careca ainda sonho em marcar uns golacos de bicicleta pelos campos da vida, tocar uns solos maravilhosos no meu saxofone de deixar o mundo todo de boca aberta, mas se desafinar, atravessar o compasso, perder o fio da meada, bater na trave, passar raspando, tudo bem, o que vale é a intencão do momento, assim como deste que escrevo essas poucas linhas meio mambo jambas...



vrijdag 12 december 2014

Meio natalício

Talvez seja por causa do Natal que está chegando, não sei, mas eu já tinha quase me esquecido dele,  o  velho e surrado "gingle bells",  que apareceu de repente e deu de tocar o dia inteiro sem parar nos comerciais de tv. Se tem uma melodia que gruda na cabeca da gente é essa do " gingle bells".
Mas o espírito natalino até que é legal, a gente comeca a pensar nos parentes, na família, nos amigos, dar valor às coisas e pessoas que passaram quase despercebidas o ano inteiro.
Fico meio estonteado, quase pasmo, embora tente participar dessa modernidade toda ao alcance de minhas mãos, dos meus olhos, as fotos da Dilma, do Lula, os vídeos do youtube que todo mundo agora teima em postar no facebook,  pegadinhas,  labcriativo, milhões de bobagens, fatos e fotos  indo e vindo sem parar num turbilhão de idéias quase prontas que vão preenchendo, esvaziando, torcendo, repuxando, temperando e dando  quase em vão, seus sabores e dissabores à nossa sedentària existência cotidiana.
E agora o fim de ano se aproxima, Dio Mio. As postagens eleitorais vão diminuindo paulatinamente e dando lugar àquelas meio religiosas mais tradicionais. O velho barbudo (não o Lula) já pintou no pedaco, de roupa vermelha e sacos nas costas. Aqui na Holanda o Sinterklaas agitou bastante em dezembro e foi-se embora prá Espanha com seu barco.
Depois da euforia o povo fica sempre a ver navios. Porém, esse otimismo de fim de ano levanta um pouco no meu ver,  a energia, o astral deste nosso planeta de astral tão baixo ultimamente.
Não sei porque nessa época fico meio triste, melancólico, não é a falta dos que se foram, pois quando não tinham ido ainda era a mesma coisa, desde menino queria me esconder em algum canto, enquanto todo mundo festejava e soltava seus rojões assustando os pobres cachorros e gatos, e se atolavam de comida pesada, perus, castanhas, champanhe, eu gostava era de jejuar sozinho e pensar.
Confesso que só o cheiro de um bom panetone daqueles que a tia Mariquinha fazia lá em Londrina me traziam logo de volta de meus devaneios meditativos juvenis.
Saudades dela, tomar um cafezinho com pão francês quentinho que o Toniquinho ia buscar à pé lá no Fuganti, são  dessas coisas simples da memória da gente que não tem preco, dinheiro nenhum nesse mundo pode comprar...


woensdag 3 december 2014

Aos pés do Pessoa

Hoje uma mocinha holandesa, via facebook de um amigo, veio me pedir prá dar uma lida num poema do Pessoa e dar o meu parecer na traducão de uma palavra para o idioma holandês. Ela estava estava meio em dúvida, coitada, e isso eu bem que entendo, pois vivo também em dúvida, o Pessoa parece que era uma dúvida bem grande só, basta se dar ao trabalho de ler. Nessas coisas eu sou meio do contra, pois sou da opinião de que certas maravilhas deveriam jamais ser traduzidas. Quem quiser ler o Fernando Pessoa de verdade que vá beber a água da fonte, pô, dormir abracado com ele e com um bom dicionário da língua portuguesa. Todas as tentativas são vãs, infortúneas, é o mesmo que assistir um bom filme inglês ou francês traduzido em laboratório de estúdios da Globo no Brasil em português. Quem não comhece aquelas vozes sempre iguais, monotónas, imensamente chatas, geralmente com um leve sotaque meio carioca, com sons esquisitos lá no fundo, a macaneta de uma porta que gira depois que aporta se abriu, passos no escuro, diálogos bobos tentando imitar o original, as vozes dos galãs que não se sintonizam deveras com suas bocas. Os caras até que tentam, coitados, fazem de tudo, dão o melhor de si, mas sempre achei isso um crime muito grande. É melhor assistir uma boa novelinha de verdade.
Mas fui lá, li a tal poesia da mocinha e do Pessoa. Todavia, se tem alguém com o dom de escrever um universo todo no espaco de algumas entrelinhas foi esse homem, ele desliza pelo ar com seus coloridos, como que surfando nas ondas de um oceano literário somente dele, ignoto, hermetético, místico, quase às nossas mãos, porém  muitas vezes inacessíveis para sempre, pelo menos prá mim. Algumas coisas eu até que entendo, noutras fico boiando legal mesmo, mas gosto de deixá-las desentendidas, misteriosas, às vezes passo décadas sem ler nada dele, mas quando o leio um encantamento inacreditável repleto de magia assim de repente toma conta de mim. Esse homem era um mágico literário do nosso idioma pátrio. São caras como ele, como o Drumond, que me fazem orgulhoso de ter nascido brasileiro e falar quase a mesma língua.
Penso que certos mistérios deveríamos deixar do jeito que são, não por as mãos, apreciá-los apenas em sua plenitude. É a mesma coisa de tentar descrever o pôr do sol. Não existem palavras, por mais lindas que o sejam que lhe chegue sequer aos pés...




vrijdag 28 november 2014

Lembrando minha mãe

Hoje minha querida mãe estaria fazendo aniversário se estivesse aqui com a gente. Todavia, foi muito cedo, cedo demais como tantos outros amigos e familiares que poderiam ter ficado mais um tempinho aqui na Terra. A vida vai passando, os ventos vão soprando, o tempo vai correndo, o inverno vai chegando na Holanda. Os pardais vão e vem, bicando apressados as sementes de girassol que minha esposa pendurou no quintal. As hortências se apagam no jardim debaixo da janela, coitadas, só sobraram as flores descoloridas e quase secas, com o gramado sumindo por debaixo folhagem amarelada ontem caída e espalhada pelo chão. Resquícios dos pés de milho se debatendo ao vento gelado, sementes que cheio de esperanca fui distribuindo na primavera, assim meio ao acaso dentro dos vasos de flores da Sabine. Um jardim é ao mesmo tempo transitório e perene, se recolhe, adormece, quase morre de frio, prá de novo nascer meses depois quando o sol brilha mais forte. Talvez sejamos todos jardins, somos sementes de milho, raízes superficiais e fasciculadas, fazendo de tudo prá se firmar neste sagrado chão. Não é qualquer ventinho que nos balanca as folhas, às vezes caímos mas temos os caules duros e ao mesmo tempo flexíveis, parênquimas teimosos, não é qualquer seca que nos faz desistir. Que esfrie, que vente, que chova demais, enxurradas torrenciais  não nos lavam a alma, somos monocotiledôneos, gramíneos, perfilhamos e seguimos em frente cada um com sua cruz, cada um com sua missão...
Porém sofremos, choramos, enterramos nossos mortos, que continuam todavia vivendo prá sempre dentro de nossos coracões, assim como a dona Tereza, que prá mim está fazendo mais um ano de vida, pois a vida não passa, não morre, adormece, perfilha e se transforma...

dinsdag 25 november 2014

Se a gente falasse a verdade no facebook

Até que seria legal poder falar a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade nos facebooks da vida. Ao invés de clicar em cima, sem sequer se dar ao trabalho de ler,  aquele tradicional "eu gosto", sair prá tudo que é canto que nem um louco clicando "eu detesto", " eu acho uma bosta", "de novo isso!", " vá te catar!",  até inventar um clique "cara chato, pentelho" para diferenciar uns e outros  que pegam pesado demais, e passam o dia,  acho que sem fazer nada, todavia, impunemente por detrás de seus respectivos laptops copiando e colando sem parar parar, mensagens à torto e à direita na tela da gente.
Fico imaginando as conversas e cada frase, " lindíssima, arrebentou!" (puta, como ela tá gorda, parece uma baleia!!). "Que charme" (Tadinha, ô mulher feia, essa só sobrou o bagaco!). "Que lindo o teu apartamento novo!" (Vá ter mal gosto assim lá na casa do cacete, meu!). "Puxa, que delícia de bolo, me passa a receita, viu?!" (Essa aí agora pensa que é cozinheira, isso não tem cara de bolo, nem cresceu, parece uma pizza, deve ser duro e ruim de um tanto...). "Que foto mais liiinda!" (Com fotoshop até eu). "Legal, curti, demais esse vídeo!" (Detesto música sertaneja). "Parabéns, manda prá mim que vou ler o teu livro!" (Ai meu saco, como esse cara tem o papo compriiiiido, e só escreve do passado e de gente que já morreu). "Prima, que gostoso ver a família assim unida!" (Unida uma ova, viviam era se pegando). "Poxa, não sabia que a Holanda era tão linda assim!" (Tão linda assim e tão fria, eu hein, tô fora, frio de matar!). "Curti, que bicicleta legal!" (Pô, vai saber lá porque esse cara agora deu de postar fotos de bicicletas velhas?). "Como a dona Hermelinda está bem, meu Deus, tá igualzinha, não mudou nadinha, que saudades dela! (Ué, não morreu ainda? ô véia mais chata, quando eu era pequeno me dava vassourada, xingava a gente, furava as minhas bolas quando caiam no quintal dela, rabugenta e ainda por cima era fedida, como fediiia aquela velha, tá parecendo uma múmia...)
Eu sei que não pode, que isso jamais vai acontecer na prática, só na cabeca da gente,  mas seria legal se a gente falasse um pouquinho da verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade...

maandag 24 november 2014

Sonhos Atalaícos

Como é bom sonhar! Sem os sonhos da gente a vida talvez não passe de uma realidade das muito chatas. Eu sempre gostei de sonhar, principalmente acordado, ficar em vão imaginando as coisas mais inverossímeis deste mundo acontecendo ao meu redor e dentro de minha cabeca.Infelizmente,muitas vezes o sonho é como uma "nuvem passageira que com o vento se vai, e eu sou como um cristal bonito que se quebra quando cai..." Quem se lembra daquela música? Eu quando menino adorava ouvir e cantar, pois diariamente tocava na rádio Atalaia de Londrina, e eu ficava me imaginando assim todo molhado me dissolvendo como um castelo de areia na beira de um mar, que todavia ainda nem conhecia de verdade, só de fotos e das cenas quentes das novelas da globo de então, a Sônia Braga de biquini, beijando o Antônio Fagundes, que quisera fosse eu. Ah, ah, depois alguem escrevia meu nome numa pedra, mas eu já sabia, desde aqueles tempos ancestrais,  que essa pedra em pó iria se transformar. Era uma pedrona dessas bem grandes, um pedregulhão dentro do sapato da gente, no meu próprio caminho, mas pensando bem era de uma grande poesia singular aquela letra, e a melodia tinha um balanco contagiante, assim como a vida da gente também nos balanca e contagia, e às vezes nos carrega bem pra longe em nossas tempestades. Porém os ventos do tempo que nunca param os nossos moinhos...Eu cá comigo, não posso fazer nada, por algum descuido do destino nasci assim sonhador, e sonhar é o que sei fazer de melhor. Sonhar e acreditar na vida, no amor, na paz, na harmonia, na evolucão do ser humano, na elevacão de nossas almas aos planos mais altos, enfim, na esperanca de um futuro muito mais que melhor para este mundo...