vrijdag 23 augustus 2013

Férias

A gente passa o ano inteirinho esperando pelas tais férias e fazendo planos prá ficar no bem bom sem fazer nada, de preferência debaixo de uma sombra gostosa deitadão numa rede, e pensando bem, sozinho, pois dividir rede não é comigo não, nem de solteiro, nem de casal, a gente já é obrigado a dividir tanta coisa boa e ruim nesta vida, eu cá comigo gosto de compartilhar apenas meus pensamentos aqui com voces, talvez ajude alguém por ai, talvez me ajude a mim mesmo, talvez não venham a servir absolutamnete pra nada, como tanta coisa supérflua neste mundao sem fronteiras. Mas este sou eu, eu e meus botoes, meus supérfluos pensamentos voltando de ferias da França. Quem ouve pensa; "que chique", chique porra nenhuma, acamapar em beira de rio, mesmo que este rio seja o Dordogne lá no vale dele não é moleza não. Prá mim me dá o Paranazão numa pescaria regada a cachaça com meu Querido irmão Mirtão, saudades dele. Mas com três filhos adolescentes grudados no celular o dia inteiro reclamando quem o camping mixuruca nem wifi tem, aliás, adolescente parece que gosta de reclamar de tudo, pô. Comprei umas varas e fomos pescar "forel", trutas penso eu. Os bichos pulavam prá todo canto enrugando as margens do velho rio milenar. O Chateu de Gibanel ficava lá à distância segura, taciturno e meio triste, como que observando as nossas peripécias assim com ar de meio desinteressado. Turista prá tudo que e lado; uma velha gorda pulou e deu um mergulho a uns 50 metros do meu anzol, falei pros moleques, "quer ver, vai sobrar pra mim, como sempre, vou acabar iscando essa gordona feia. Queria iscar era aquela francesinha morena que se bronzeava na prainha ali do lado, se bronzear prá que, já tá pensei comigo, se já está morena e linda demais assim desse jeito. Velho sacana acho que estou ficando, pensei comigo. Os peixes sumiram, o sol esquentou, um casal de alemães passou remando dentro de uma canoa alaranjada com um bebezinho de colo dentro, povo louco varrido, onde ja se viu, se aquela merda vira ou engancha nos anzóis e fura não dá nem tempo de resgatar a coitada da criançinha. A gordona deu umas braçadas mas logo desistiu de atravessar o rio; me fez lembrar de mim mesmo quando dentro de qualquer piscina, cheio de coragem tambem dou as minhas braçadas, no melhor estilo borboleta que um dia quase aprendi, água pra todo lado, mas fica so nisso, 25 metros quando chego na borda e não desisto bem no meio. Mas já fui nadador na minha juventude, até andei participando pela APEA numa competicão estadual lá em Botucatu. Com uns dez anos e uns 6 meses de natação já me achava o tal, tinha o cabelo verdinho de cloro, ai que tempo bom quando eu tinha cabelo, mesmo que verde de cloro; pensando bem deve ter sido aquela porra daquele cloro que me deixou carequinha pela vida a dentro ou afora. Comprei ate uma sunga vermelha e fui participar dos cem metros nado livre. Ainda lembro como fosse hoje, meu Deus do céu, raia número 6, fiquei esperando pelo tiro de largada. Um velho magricela de cavanhaque branco e chapeu gritou "às suas marcas", depois o barulhao em surdina daquela arma de fogo, que pra mim parecia de verdade, sei lá, talvez até fosse, o cavanhaque tinha cara de mafioso, desses de filmes. Pulei e sai dando braçadas em linha reta, ainda me lembro de ter virado no fim da piscina, depois tudo ficou meio nebuloso, o tempo foi passando, segundos, minutos talvez, quando levantava a cabeca e o nariz prá respirar dava pra ver os outros competidores se enxugando, alguns já mandando ver num bom sanduba e uma cola, outros em pé do lado da cantina conversando felizes com os pais e familiares. Eu estava sozinho em Botucatu, sem pai nem mãe, nem ninguém, do meu lado, caminhanbdo na borda da piscina, o tal cavanhaque que pela cara dele foi ficando meio sem paciencia com minha demora, e com o cronômetro na mão e acho que o revolvao na cintura me estimulava, ou gritava palavrões em Italiano; agora me esperava sentadão na raia numero 6 no final dom meus 100metros, que naquele momento pra mim pareciam mil, 10 mil, 100 mil, o tempo parou prá ambos naquele inusitado momento, naquela piscina em Botucatu, pra falar a verdade quase que desisti nos 75 metros, mas sou cabeca dura prá cacete até hoje, não gosto de desistir das coisas e acho que nunca estive nem ai com o que os outros pensem de mim, o cavanhaque que se foda e se quiser me espere que no fim eu chego lá, e cheguei, com minutos de atraso mas cheguei. Fiz o que pude dentro de minhas limitacões aquáticas, e pensando bem acho que merecia até uma medalhona de ouro pelo meu esforco quase sobre-humano. Quando finalmente cheio de orgulho bati com as mãozinhas de menino naqueles ladrilhos azuis e faixa preta de chegada e partida os outros competidores da próxima prova já estavam de touquinha e em posicão de partida, um japonesinho apressado quase que pula em cima de mim. O viado do cavanhaque estava de novo a postos com o revolve dele na mao direita, quando passei por ele ainda me deu uma risadinha de mineiro, "pô, moleque, pensei que ia se afogar!", me deu vontade de arrancar aquela arma da mão dele e dar um tiro bem no saco do bicho prá ele ver o que era bom.